Cá estou eu novamente me aventurando pela madrugada em mais uma noite de insônia. Por coincidência, ontem foi dia de sambão no Morro da Conceição. Já estou começando a achar que a razão da minha insônia encontra-se nos energéticos que ando tomando misturados com uísque. Mas que bom que seja assim, pois a madrugada é realmente o melhor horário para escrever, tamanho é o grau de intimidade com si próprio que este horário proporciona ao escritor. Era assim com Clarisse Lispector. Mas vamos lá, vou aproveitar pra refletir um pouco sobre as eleições do ano de 2010 mesmo que tardiamente, faltando apenas uma semana para o sufrágio. Começo dizendo que percebo uma semelhança no quadro eleitoral desde a primeira eleição do Pesidente Lula. Como seria este quadro? É o quadro do marketing político. Lógico que isto não é recente, mas parafraseando o atual presidente, “nunca na história deste país” o marketing foi tão decisivo na opinião dos eleitores. É de fazer chorar, pois não há mais debates de idéias e propostas políticas. A candidata Dilma não está nem um pouco preocupada em comparecer ao debate político, pois sua campanha está subsidiada pela figura popular do presidente Lula. Aliás, o povo não sabe das propostas políticas de Dilma; há muitos quem duvidam que ela irá governar. Talvez ela seja apenas uma laranja para que o atual presidente exerça o seu terceiro mandado por debaixo dos panos.
Por outro lado, temos uma fraca oposição representada em primeiro lugar pelos candidatos a presidente José Serra e Marina Silva. O primeiro foi ministro da saúde no governo de Fernando Henrique Cardoso, e poderia usar isto para apontar as mentiras ditas pelo presidente Lula a respeito do atual cenário socioeconômico do país, onde ele atribui a si próprio a responsabilidade pelos principais avanços. As raízes da estabilidade econômica foram plantadas lá atrás no governo de FHC, e Lula soube usar isso muito bem, dando continuidade aos planos traçados pelo presidente anterior. Só que nada de inovador foi feito pelo atual presidente em seus dois mandatos, que ao final, acabou adotando uma postura conservadora e muitas vezes retrógada, quando este resolve voltar atrás dos ideais da democracia, atacando a liberdade de imprensa. O único diferencial apresentado por ele foi a ampliação dos programas sociais, coisa que só foi possível graças à estabilidade econômica. Desde o seu primeiro mandato, percebemos o país caminhando para uma Democracia popular, ou seja, uma forma bem menos evoluída de democracia, onde se conta apenas a opinião da maioria. O reflexo disto pode ser visto na própria corrida eleitoral, onde o presidente pratica descaradamente seu clientelismo, pedindo voto pros fulanos seus amigos enquanto acusa o outro candidato de “aético” porque este protestou contra a violação de sigilo fiscal da sua família. E o direito de protestar, não faz parte dos ideais da democracia? A lei não surge no aqui e agora porque uma maioria decidiu, ela está lá, registrada na constituição. Então porque tornar legítimo as palavras de um presidente? Porque a maioria está com ele?