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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Pequenos textos facebookeanos de 2012



(Para finalizar este ano muito produtivo de 2012, um post contendo algumas postagens minhas bastante curtidas no Facebook. Reflexões breves e corriqueiras)
23-03-2012
A maior cilada em que você pode entrar num relacionamento é a de achar que você é feliz porque você está com aquela pessoa. Fazendo isso, você vai estar enveredando pela velha dicotomia TER X SER. Se você é feliz porque TEM algo externo a você, sua felicidade pode acabar em instantes, pois tudo o que externamente adquirido nunca deixará de ter suas probabilidades de ser perdido, independentemente do amor que que possamos ter por este algo. Por outro lado se somos felizes porque SOMOS aquilo que desejamos e lutamos para ser, isso não poderá ser tirado da gente, pois a dimensão do nosso ser é tudo aquilo que melhor podemos conhecer; é para onde mais direcionamos as nossas expectativas; é a morada da nossa inviolável autonomia;... e portanto, é a dimensão da felicidade que nunca será perdida depois de conquistada !!
(Mateus S. M. Barros)

24-03-2012
Outra cilada encontrada nos relacionamentos amorosos é a da esperança de que o outro mude o seu jeito de ser. Isso é o mesmo que acreditar que existe um amor ideal; algo diferente e distante de um amor real. Idealização é fenômeno comum em pessoas mimadas, que não conseguem viver a realidade tal como ela é. São pessoas que concebem a realidade como um campo de realização dos desejos, e que portanto, se frustram ao descobrirem que ela não é esse campo. O amor real é feito a partir da aceitação incondicional, tal qual uma mãe sente com relação ao seu filho, apesar de todas as suas imperfeições. Assim devem ser nos relacionamentos amorosos; pois se você escolheu estar com aquela pessoa, é porque você gosta dela por inteiro. Por outro lado, se você não aceita os defeitos da pessoa por não saber que ela era daquele jeito, é porque a sua cabeça não permitiu enxergar a pessoa como ela realmente é. Se você gosta de alguém, aceite e saiba conviver com os seus defeitos; não espere que ela mude, pois a mudança é consequência de um processo de vivência a dois. E, por fim, respeite a individualidade da pessoa; individualidade essa que consiste em um terreno tão sagrado para uma relação.
(Mateus S.M. Barros)

27-03-2012
Amizade não é um imposto a ser cobrado todo mês. Também não considero delicado que a presença física (telefonema entra no conjunto desta obra) seja cobrada como uma prova da legitimação da amizade. Isso porque uma amizade verdadeira não se mede pela presença física do dia-a-dia. Pelo contrário, uma amizade verdadeira se manifesta no prazer do reencontro, com a mesma intensidade e prazer que poderia ser se o tempo que intercalasse o encontro não tivesse decorrido. Isso porque a amizade possui uma história composta de momentos importantes e marcantes que resultaram no fortalecimento do vínculo. Por outro lado, a vida é cheia de circunstâncias – caminhos traçados de maneira única por ambas as partes – que dificulta uma constância maior de encontros. Cabe ao amigo compreender essa situação vivida pelo outro. Cobrar presença física é sinal de duas coisas: extrema carência e egoísmo. Extrema carência porque essa pessoa carece de avanços no desenvolvimento da sua autossuficiência; e egoísmo porque o motivo é realmente egoísta: Estar com aquela pessoa para que ELA se sinta bem.
(Mateus S. M. Barros)


Muitas pessoas se incomodam com uma certa ‘falsidade’ existente em outras. Falsidade essa que se traduz no comportamento de falar algo sobre uma determinada pessoa na frente dela, e por trás, na presença de outra pessoa, falar o oposto. Bom, vamos analisar isto... segundo a opinião da maioria, esta pessoa possui dois momentos: Um de falsidade, quando emite a opinião na frente da pessoa, e outro de falsidade, quando emite o oposto por trás. Eu considero o contrário: acho que esta pessoa é mais sincera quando me elogia na minha presença do que quando me pulveriza na minha ausência. Isso porque não há nada mais genuíno do que uma sensação de alegria e prazer compartilhado entre duas pessoas. Isso se traduz no corpo, nas expressões faciais da pessoa; e de tão intenso que se torna o prazer de estar junto, chega uma hora que esta pessoa não resiste à tentação de dizer: “polxa cara, gosto muito de você”. Por outro lado, a opinião negativa emitida na presença de uma outra pessoa é carregada de significados e intenções outras que tornam o discurso menos genuíno do que a emoção expressa diante da pessoa referida no conteúdo do discurso. Muitas vezes, a pessoa que emite tal opinião admira tanto a referida que se sente inferior diante dela, ao ponto de precisar falar mal dela para que possa se sentir mais valorizada pela pessoa que a está escutando, ou mesmo, por si própria. Isso é um vício constante em pessoas que possuem baixa autoestima e que não conhecem outra maneira de serem valorizadas a não ser a de distorcer a imagem das outras.

03-04-2012
Novo, mistério e desconhecido são três ambiente que causam medo e pavor na maioria das pessoas. Isso porque representam ameaça. Ameaça de perda, como se algumas coisas que tememos perder fossem realmente nos fazer falta; ameaça de desestabilização emocional, como se fossemos satisfeitos e felizes suficientemente, ao ponto de não desejarmos um pouco mais. Não que desejar mais seja o certo, mas, se por acaso isso acontece, não é saudável ficar reclamando das coisas que faltam na sua vida enquanto você teme enfrentar o medo do novo e correr riscos. Esse é o melhor caminho para quem deseja algo melhor para si: superar o medo do desconhecido. Não é um processo fácil, mas é da condição humana ter todos os mecanismos para isso dentro de si. Você pode buscar isso através da meditação, do autoconhecimento, do encontro consigo mesmo. Talvez, a melhor forma de se dar o pontapé inicial para este caminho seja a de se desapegar das limitações que o mundo impõe a você, da maneira como ele mostra o quanto você é pequeno. O mundo não deseja o melhor de você, mas a sua transcendência e superação podem ser algo muito inspirador para o mundo. 
(Mateus S. M. Barros)

06-04-2012
Fazer escolhas, tomar decisões, podem significar momentos tortuosos na vida de uma pessoa. A verdade é que toda a sua história é contada a partir das suas escolhas - até não fazer nada é uma escolha -e diante delas, as influencias ambientais pouco deveriam significar. O problema é que sentimos o contrário: o ambiente pesa demais sobre nossas escolhas, pois sabemos que perdas decorrente delas podem vir a acontecer. Nessa hora é que somos dominados pelo medo, que consequentemente irá gerar a indecisão. 
A solução para isto começa a partir da assunção das consequências que ocorrem em nossas vidas. Afinal, se nossas vidas são tradadas por nossas escolhas, então porque o mundo nos faz infeliz? O mundo não tem culpa disso, pois ele é composto de outras pessoas com outras escolhas a serem feitas. Nada é tão importante que possa significar uma uma grande perda; e não escolher entre X ou Y por indecisão pode significar a perda de ambos. A perda já é algo garantido quando decidimos ficar indecisos, então é não ter medo de decidir e não dar tanta importância ao que pode ser perder. Autoconhecimento é sempre único caminho para se identificar prioridades.
(Mateus S. M. Barros)

24-04-2012
Estresse, mal-estar, raiva, ódio, ira... são peças que nossas próprias mentes pregam sobre a gente. A vida já não é fácil, então por que insistir que ela seja ainda pior? Vamos tentar suavizar um pouco os nossos problemas com a sociedade, enxerga-la de outra forma. Com um pouco de ironia e senso de humor talvez. Fazer piadas com ela e com nós mesmos. Quanto mais pudermos suavizar nossos problemas (talvez colocando-os no seu patamar real ao invés de aumenta-los demais com nossos pensamentos), melhor será para todos nós. Poderemos enxergar nossos problemas sem o véu da cegueira emocional. 
(Mateus S. M. Barros)

21-04-2012
Tremenda babaquice da nossa cultura brasileira de classe média: essa glamourização da malandragem. Isso porque a malandragem é vista e interpretada de forma romântica por pessoas que pensam que malandro é aquele cara que conversa muita lorota e pega muita mulher com isso. Essa visão foi fortemente influenciada por alguns artistas como Chico Buarque e Diogo nogueira, além de outros sambistas cariocas. O Diogo Nogueira, por exemplo, utiliza a frase “malandro é malandro e mané é mané” se referindo ao malandro como um cara que vive comendo e cospindo fora, enquanto que o mané é um cara que tem metas e planos para se apaixonar por uma mulher e dar a ela uma vida de conforto. Tem mulheres que adoram isso, mas partem em busca do oposto, entrando num profundo mar de contradição. Só que o buraco da malandragem é muito mais embaixo. Esse cidadão malandro é, na verdade, aquele que anda por aí burlando regras de boa convivência social, baseadas na confiança e no respeito mútuo. É o cidadão que engana, que mente, que adota duas caras... tudo isso para alcançar o seu benefício próprio. Desrespeita as leis públicas, pois sua esperteza e auto-confiança o colocam num patamar superior ao sistema. Taí o Carlinhos Cachoeira... maior malandro brasileiro. Por outro lado, o mané de Diogo Nogueira também atinge o cidadão de bem; correto, cumpridor das suas obrigações e dos seus deveres com a família e a sociedade. Ele não se tornou rico por falta da malandragem, mas é ainda sim é um sujeito esforçado e merecedor de respeito. Mas cadê o respeito se muitos babacas de nossa sociedade não veem o seu exemplo? Vamos parar com isso, gente. Cultuar a malandragem?... Uma pinoia!!!
(Mateus S. M. Barros)

28-04-2012
Todos queremos amar e sermos amados. O problema é conseguir isso num universo onde os diálogos ocorrem sempre em primeira pessoa. "eu sou uma pessoa assim...", "eu sou um tipo de pessoa assim...", "eu sou...". "Eu, eu eu...; eu sou mais eu". Todos só querem falar de si, mostrar para o mundo como ela é, na esperança de ser amanda e, consequentemente, admirada. O reflexo disto pode ser conferido nas redes sociais. O pior, é que esse 'eu' que divulgamos por aí é o 'eu' que idealizamos, não o que realmente somos. A verdade é que não existe o 'eu'; o que existe, na verdade é 'entre eu e você'. Eu sou aquilo que você permite que eu seja para você. Em outras palavras, os seres humanos são o encontro de dois; um fenômeno, aquilo que só só tem sentido na presença de outro ente que o define como tal.


21-05-2012
O imediatismo é outro mal que carregamos na nossa pobre cultura ocidental. É tão comparavelmente mal quando o mal da felicidade, pois sempre nos deprimimos quando nos deparamos com um problema cuja solução requer um prazo médio e longo. Não percebemos que os males que estamos colhendo agora foram processualmente se constituindo através do tempo; muito menos conseguimos enxergar a nossa participação diante desse processo. Olhando para dentro de nós, para nossa relação com a sociedade, para as decisões que tomamos, passaremos a nos conhecer melhor... e com isso, poderemos enxergar o futuro como um caminho que já está sendo percorrido a partir do aqui-e-agora. Concentremo-nos pois em enxergar a nós mesmos diante de tudo, para que possamos acompanhar as transforações que vão acontecendo conosco até a chegada ao caminho desejado. Não haverá sentimento imediatista que resistirá a isto.

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