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domingo, 13 de março de 2011

Elogio ao amor


Carnaval passou, e nem deixou tanta saudade. Também, já virou rotina apesar do espaço de tempo que separa as suas sessões. Aqui, no Brasil, muitos costumam pensar que o ano só começa após o carnaval. A verdade é que a vida continua depois dele, pois a sensação de pôr os pés no chão depois do carnaval é de que tudo não passou de um sonho. Quem vive o carnaval, costuma, inclusive, sonhar com ele algumas poucas vezes durante o ano como uma manifestação inconsciente de amor ao seu povo e esperança de encontrar um amor para si. Alguns conseguem encontrar o seu amor, e por isso, fazem uma relação de continuidade entre a realidade e o sonho. Os que não conseguem, costumam encarar a volta aos pés no chão com naturalidade, escondendo a frustração de estar vivendo uma vida insignificante. Lógico que somos humanos, e por isso, temos grandes desejos de realização que não se adequam à real dimensão do mundo. Sempre estamos a procurar algo de melhor para as nossas vidas, e o fato de amar alguém auxilia energeticamente nessa busca. Somos demasiadamente humanos, e por isso, devemos investir nossas energias amorosas em alguém, é só assim, poderemos expelir todo o nosso potencial criativo na busca do nosso algo a mais. Não sei por que, mas tenho como exemplo disso o Ariano Suassuna: Toda a sua vida dedicada à literatura e à cultura popular, mas sempre com uma companheira do lado, a sua primeira namorada desde os 13 anos de idade. Não precisou procurar mais ninguém, e por isso, pôde investir toda aquela energia - que poderia estar sendo desperdiçada na procura por um amor ideal - na literatura.


Comecei falando sobre o carnaval, mas lógico que é sobre o amor que eu gostaria de falar. Faz parte de mim, pois venho vivenciando algumas frustrações amorosas ultimamente, e consequentemente, um estado de carência. Sei que é tudo minha culpa, e sei o quanto tenho que melhorar. Também não vivo nenhuma grande fatalidade, até porque, enquanto jovem da classe média, carrego na memória a frase de Gonzaguinha como uma ridícula manifestação de insatisfação e esperança: “eu sei, que a vida poderia ser bem melhor e será”. Mas uma coisa é certa, não posso ignorar isso, pois tá diretamente relacionada com meu crescimento. Amar alguém é o mínimo que devemos ter; faz parte não de um simples desejo, mas de uma necessidade básica secundária: o sexo. Alguns leitores mais hipocritamente moralistas (acho que não é o caso dos meus) poderia encarar essa última afirmação como vulgar, mas tá muito longe disso. Já devo ter mencionado em outros posts que o sexo tá entre necessidades básicas do ser humano. Também devo ter mencionado que necessidades básicas estão relacionadas com o instinto, e consequentemente, com a sobrevivência do ser humano, e que nesse sentido o sexo se caracteriza como um instinto secundário, pois está relacionado com a sobrevivência da espécie humana. Lógico que essa afirmação biológica de alguns séculos anteriores ignora as descobertas científicas atuais como a inseminação artificial, bem como a diversidade sexual. Quero aproveitar e citar o psicólogo americano Albert Ellis, criador da terapia Racional-Emotiva. Diz ele: - “Costumamos pensar que ‘preciso encontrar com minha amiga’, ‘preciso fazer meu trabalho de faculdade’, ‘preciso fazer isso ou aquilo’. Tá tudo e errado, pois só precisamos de três coisas na vida: comer, dormir e fazer sexo. O resto são apenas desejos”. Acho também que já o citei antes, mas o que quero afirmar com tudo isso, é que todos precisam amar, e amar não pode ser com qualquer um, não nos tempos de hoje; precisamos encontrar o nosso amor verdadeiro. É uma sina, e não devemos ignorá-la.


Além, dessa concepção biológica, que para alguns leitores possa soar tão maniqueísta, há também outra que eu gosto muito: a existencial. Amar alguém é reconhecer-se diante do olhar do outro. Existência se dá na relação, no outro que olha pra mim e diz: “você é...”. E mesmo que ele não diga nada, basta olhar no sei sorriso, no seu toque, sentir o seu abraço, captar o calor que ele transmite. É saber que, estando aqui, estou sendo pensado por alguém, e uma vez sendo pensado, estou ensinando algo para esta pessoa... aí, citando um filósofo que gosto bastante, o Martin Buber: “minha mensagem está sendo captada por alguém assim como eu capto as mensagens das pessoas tal qual as informações midiáticas que me são transmitidas”. É esse o amor que faz uma criança saudável, que se reconhece no olhar e no toque da mãe, segundo Donald D. Winnicot. É esse o amor que um dia se expandirá para os mais diversos espaços da sociedade, deixando as minhas impressões digitais nas pessoas que comigo se encontrarem. E quando um casal tem um filho? É quando a extensão da existência alcança o seu maior alcance, pois o filho representa uma continuidade da nossa existência, e a marca que antes era nossa, agora está nele, que passará para outros, para depois passar para os filhos dele, e assim sucessivamente. E quando as duas concepções anteriormente apresentadas se unem numa só: O amor com sexo. O sexo como uma necessidade, e que portanto está relacionada ao prazer, junto com o amor que expande a nossa existência. É, por assim dizer, o amor ideal, que tantos buscamos em nossas vidas, e que talvez nunca encontremos o que faz da nossa existência, algo bem menor. Mas fora estas concepções, o amor ainda possui outras. Só para citar exemplos, temos a cristã, onde podemos encontrar o amor fraterno, aquele que fez com que Jesus morresse por nós. E várias outras formas de amor também existem, e para isso temos a teoria de Alan John Lee intitulada “Estilos de amor”. Recomendo aos interessados que procurem na internet, pois já tá na hora de encerrar o texto, considerando que prezo pelo seu tamanho acessível. Termino então com uma frase que não concordo tanto, mas que se aplica a este momento: O amor é tudo, e sexo é mais ainda.