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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Toda mulher deveria se prostituir um dia


Aviso às mulheres que lerem este texto que, antes de se deixarem envolver pela perplexidade do seu tema, que o leiam até o final. Digo que toda mulher deveria se prostituir um pouco na vida, pois seria um belo início de carreira – que como toda carreira, oferece consigo o seu aprendizado - para as coisas mais simples da vida na idade adulta. Coisas como saber diferenciar o sexo do amor. Foi na casa dos prazeres onde a melhor das professoras me ensinou em teoria e prática a diferença entre estes dois conceitos que mais parecem dois corpos a ocupar um mesmo espaço numa dimensão pequena que é a cabeça de muitas mulheres do nosso tempo. Essa professora tem nome e é de família; abraçou o ofício por corresponder espontaneamente ao acaso em que este lhes foi oferecido. Agiu por vontade própria e, através deste ofício, conseguiu pagar a sua faculdade de publicidade. Hoje já deve estar formada e seu apelido é Cris.
Enquanto estive no seu recinto profissional – contando cinco a seis visitações, todas para ver Cris – situado no bairro da encruzilhada, foi quando aprendi as melhores lições de amor e sexo da minha vida. Ela definia o sexo como um instinto, e como todos os outros instintos, impulsiona a espécie humana para a sua sobrevivência. Nada mais cientificamente defendido pelas ciências biológicas no passado. Mas Cris ia além: dizia ela que o sexo não deveria ser proibido quando uma pessoa desejasse a outra, pois aquele momento seria o momento em que duas pessoas mais poderiam se amar na vida. Era o momento de gozar enquanto milhões de pensamentos poderiam vir à cabeça: “como é bom estar com você agora”, “todos o meus amores idealizados não são nada comparados ao que eu sinto por você agora”. Lógico que isso não acontece com freqüência, considerando o seu ofício – nem conosco acontece, quem dirá com ela. Mas ela sempre dizia que, transando com um cara e outro, havia momentos em que um calor subia com alguns caras que acabavam gostando dela depois. Caras como eu, que amei e fui amado por ela, e só tô sem ela agora porque era um merdinha desempregado na época, que não podia tirá-la daquele lugar. Hoje ela já achou quem a tirasse... espero que esteja feliz com ele onde quer que esteja. Mas voltando para as lições, a outra era sobre o amor. Dizia ela que o “amor é uma palavra inventada para vender livros de romance no século 19”. Nada mais sábio para se dizer a respeito de algo que nos engana o tempo inteiro na contemporaneidade dos amores neuróticos... eu te amo Cris. O amor realmente é vago até na sua definição filológica; tudo e nada ao mesmo tempo é amor. Amor e ódio como sendo a mesma coisa... como pode isso??? Vivemos a ilusão do amor em nossas cabeças, por isso nos frustramos a cada novo relacionamento que começamos e terminamos quando antes pensávamos que era impossível. Amores neuróticos de Woody Allen é o que eu aprendo no meu dia-a-dia convivendo e me apaixonando por mulheres que dizem não saber o que querem. Elas não sabem o que querem, mas eu sei o que elas não querem: elas não querem a mim que sou um cara ruim de papo e nem tampouco malhado e ‘bombado’. Mas se elas só querem o meu oposto, como poderão elas me conhecer? Simplesmente não poderão, pois não permitem isso. Negam o sexo que Cris outra hora falou que não se deveria negar. Pobres garotas que não passaram pela escola de Cris. Pobre de mim que, depois de ter conhecido Cris, ainda seja capaz de sofrer por essas garotas.
Também não posso me esquecer de Tio-avô Rildo, grande comunista da geração dos anos 50 e que, ao lado de Gregório Bezerra, fundou vários sindicatos na zona rural Pernambucana. Grande advogado idealista, foi também um sujeito romântico, desses que sonharam até a morte com um mundo mais justo e igualitário. Mas não é sobre esse romantismo que eu quero falar. O maior gesto de amor foi realizado por ele quando Casou-se com Tia Rosilda. Tio Rildo a tirou da zona e a colocou num curso de arte-culinária, coisa que ela sempre sonhara. Hoje Tio Rildo está morto e tia Rosilda está viva, contando sobre o quando ainda ama aquele homem até na memória e sobre o quanto foi mágico tê-lo conhecido na zona. Podemos chamar isso de amor de verdade?? Lógico que sim. Muito mais do que muitas mulheres por aí que pensam que amam, mas amanhã podem estar sem ninguém. Também não devemos jamais subjugar o valor de algumas profissionais do sexo, pois elas têm muito a ensinar aos homem, e, principalmente, às mulheres.

6 comentários:

  1. Adorei, Mateus!Coincidência, hj assisti o filme espanhol Princesas, que mostra óticas mt interessantes da vida e dos sonhos dessas mulheres.Quem ainda n assistiu, assista!!!

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  2. Gostei muito. Tá muito bem escrito e fundamentado. Papai iria gostar. Acho que vou mostrar a ele. Finalmente escrevi aquele post da deusa do Malakoff.

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  3. gostei! Repassar toda experiencia adquirida por anos, ou dias, ou noites...

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  4. Muito bom Mateus! mas ainda tenho idéias que não batem com o texto lido.

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