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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Tenha fé, amanhã um lindo dia vai nascer


(o título do texto é o mesmo nome de um samba muito legal do grupo Originais do Samba. E o texto faz parte do 'desafio escrito' idealizado pelo meu primo Mário Barros, e cujo tema da vez foi "fé", proposto por mim.)

Salve Oxum, salve Afrodite, salve Neferttite, salve vênus, salve Isthar, salve Juno, Salve Prende... salve todas vocês, divindades do amor, pois é de amor que eu mais necessito, e é somente o amor que poderá redimir a humanidade. Eu, como bom politeísta que sou, amo todas vocês, pois sei que vocês estão nas coisas belas que amamos (daí incluindo as coisas feias, pois trazem o belo disfarçado). Desse belo, nasce o desejo de cuidar, de preservar, e portanto, é seguindo o vosso amor que chegaremos a uma sociedade onde o respeito, a fraternidade e a amizade sairão do domínio das coisas ilusórias e se tornarão reais. Também como bom cristão, sigo com seriedade dois princípios ensinados pelo grande mestre Jesus: 1) Amai ao próximo como a ti mesmo, 2) fazei o bem sem esperança de retribuição. Ainda que seguindo o segundo princípio, não consigo parar de me questionar: há justiça para os homens bons nessa terra onde se aplica a lei dos homens?
Com exceção da ultima frase – onde esse autor que vos escreve chega a questionar até a sua própria fé – todo o restante do parágrafo foi uma espécie de encenação de fé; uma demonstração contendo duas características que eu imagino estarem bem destacadas na fé brasileira: o pluralismo e hábito de muito se pedir. Pluralismo é algo bem diferente do meu expresso politeísmo, pois o primeiro diz respeito à convivência de diferentes religiões dentro de um mesmo território, enquanto o segundo diz respeito à crença em vários diferentes deuses por uma mesma pessoa ou por uma população – com a expansão do mercado religioso, houve uma mudança cultural, de consciência, em que acreditar em vários deuses passou a ser concebível, o que antes não era. Já o hábito de muito se pedir, este sim denota mais o significado da fé, pois só pedimos aquilo que não possuímos, e tal como a fé, acreditamos em algo do qual não temos explicação científico/racional. Mais do que explicação, o hábito de se pedir coisas para uma entidade superior representa uma das maiores formas de defesa contra a tirania das forças malignas que operam neste mundo: a esperança. Essa permite caminharmos em frente mesmo em momentos da vida em que mais perdemos do que ganhamos. Destaco bem esse ponto porque sei que isso faz uma grande diferença entre você ser uma pessoa persistente na sua vida, na sua luta, e você ser uma pessoa deprimida, entregue à desesperança e à aflição. Isso se a esperança for bem dosada dentro do ser que espera, pois a melhor forma de se esperar algo nesse mundo, é que esse algo nasça de dentro de si e para si, e que não que venha do meio exterior se apresentando para si em forma de milagre. Esperança e fé para uma melhora pessoal; este é o caminho da verdade.
Acreditar num ser superior que não pode ser visto com os olhos mundanos é o mesmo que permitir uma conexão com o cosmos. A existência cósmica só é possível dentro da noção de unidade, de um UNO, ao qual todas as outras coisas estão conectadas e entrelaçadas, dando sentido à existência de cada coisinha em particular. Assim sendo, acreditar no Deus, na inteligencia, na entidade superior, é sentir que pertences a toda esta grande obra, que és parte dela e que com certeza, ela não seria tão perfeita se você não existisse. Os antigos já tinham essa prática cosmológica; no antigo egito por exemplo, havia a astrologia alegórica, onde cada astro representava um Deus diferente e cada ser humano possuía uma constelação que o guiava. Pensem bem: isso não dá mais sentido às nossas vidas? Claro que sim. Muito diferentemente da ciência moderna, que diz que existe 25 bilhões de galáxias, e cada uma delas contendo centenas de milhares de corpos celestes cujo tamanho de cada um deles equivale a 10 sistemas solares. Quem somos nós diante desse infinito universal senão um peido de Deus? Não tô dizendo que a ignorância seja a solução para nossos confitos interiores; até porque, afirmar isso seria o mesmo que dizer que a ciência detém toda a verdade da nossa existência, quando isto está muito longe da verdade. A fé se encontra justamente naquilo que a ciência não pode explicar.
Ter fé, é conseguir olhar para o amanhã com esperança, é conseguir projetar um futuro positivo mesmo que seu passado seja negativo. A fé diante do desespero e da desesperança é cega, pois pede-se salvação sem nem ao menos saber o que se está pedindo. Por outro lado, uma pessoa de princípios morais condizentes com os ensinamentos da sua religião e coerentes com a sua prática, certamente saberá o que estará pedindo. E não só pedirá, como também saberá agradecer humildemente às pessoas importantes na sua vida e ao Deus que este segue pelos ganhos e sucessos adquiridos no dia a dia. Este é o verdadeiro homem de fé, digno do nosso respeito, da nossa compaixão e da nossa amizade, pois nele está o exemplo de que um lindo dia poderá nascer para nós amanhã. Aliás, essa fé existe dentro de cada um de nós mesmo que não acreditemos em nada. A esperança não possui o tempo de vida de uma mosca. Façamos o bem, nos apeguemos a todos os santos e vamos unir forças, porque 2013 está vindo aí. Saravá, Salve salve, Axé, Hare Krishna … Namastê !!!

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