(o título do texto é o mesmo nome de um samba muito legal do grupo Originais do Samba. E o texto faz parte do 'desafio escrito' idealizado pelo meu primo Mário Barros, e cujo tema da vez foi "fé", proposto por mim.)
Salve Oxum, salve
Afrodite, salve Neferttite, salve vênus, salve Isthar, salve Juno,
Salve Prende... salve todas vocês, divindades do amor, pois é de
amor que eu mais necessito, e é somente o amor que poderá redimir a
humanidade. Eu, como bom politeísta que sou, amo todas vocês, pois
sei que vocês estão nas coisas belas que amamos (daí incluindo as
coisas feias, pois trazem o belo disfarçado). Desse belo, nasce o
desejo de cuidar, de preservar, e portanto, é seguindo o vosso amor
que chegaremos a uma sociedade onde o respeito, a fraternidade e a
amizade sairão do domínio das coisas ilusórias e se tornarão
reais. Também como bom cristão, sigo com seriedade dois princípios
ensinados pelo grande mestre Jesus: 1) Amai ao próximo como a ti
mesmo, 2) fazei o bem sem esperança de retribuição. Ainda que
seguindo o segundo princípio, não consigo parar de me questionar:
há justiça para os homens bons nessa terra onde se aplica a lei dos
homens?
Com exceção da
ultima frase – onde esse autor que vos escreve chega a questionar
até a sua própria fé – todo o restante do parágrafo foi uma
espécie de encenação de fé; uma demonstração contendo duas
características que eu imagino estarem bem destacadas na fé
brasileira: o pluralismo e hábito de muito se pedir. Pluralismo é
algo bem diferente do meu expresso politeísmo, pois o primeiro diz
respeito à convivência de diferentes religiões dentro de um mesmo
território, enquanto o segundo diz respeito à crença em vários
diferentes deuses por uma mesma pessoa ou por uma população – com
a expansão do mercado religioso, houve uma mudança cultural, de
consciência, em que acreditar em vários deuses passou a ser
concebível, o que antes não era. Já o hábito de muito se pedir,
este sim denota mais o significado da fé, pois só pedimos aquilo
que não possuímos, e tal como a fé, acreditamos em algo do qual
não temos explicação científico/racional. Mais do que explicação,
o hábito de se pedir coisas para uma entidade superior representa
uma das maiores formas de defesa contra a tirania das forças
malignas que operam neste mundo: a esperança. Essa permite
caminharmos em frente mesmo em momentos da vida em que mais perdemos
do que ganhamos. Destaco bem esse ponto porque sei que isso faz uma
grande diferença entre você ser uma pessoa persistente na sua vida,
na sua luta, e você ser uma pessoa deprimida, entregue à
desesperança e à aflição. Isso se a esperança for bem dosada
dentro do ser que espera, pois a melhor forma de se esperar algo
nesse mundo, é que esse algo nasça de dentro de si e para si, e que
não que venha do meio exterior se apresentando para si em forma de
milagre. Esperança e fé para uma melhora pessoal; este é o caminho
da verdade.
Acreditar num ser
superior que não pode ser visto com os olhos mundanos é o mesmo que
permitir uma conexão com o cosmos. A existência cósmica só é
possível dentro da noção de unidade, de um UNO, ao qual todas as
outras coisas estão conectadas e entrelaçadas, dando sentido à
existência de cada coisinha em particular. Assim sendo, acreditar no
Deus, na inteligencia, na entidade superior, é sentir que pertences
a toda esta grande obra, que és parte dela e que com certeza, ela
não seria tão perfeita se você não existisse. Os antigos já
tinham essa prática cosmológica; no antigo egito por exemplo, havia
a astrologia alegórica, onde cada astro representava um Deus
diferente e cada ser humano possuía uma constelação que o guiava.
Pensem bem: isso não dá mais sentido às nossas vidas? Claro que
sim. Muito diferentemente da ciência moderna, que diz que existe 25
bilhões de galáxias, e cada uma delas contendo centenas de milhares
de corpos celestes cujo tamanho de cada um deles equivale a 10
sistemas solares. Quem somos nós diante desse infinito universal
senão um peido de Deus? Não tô dizendo que a ignorância seja a
solução para nossos confitos interiores; até porque, afirmar isso
seria o mesmo que dizer que a ciência detém toda a verdade da nossa
existência, quando isto está muito longe da verdade. A fé se
encontra justamente naquilo que a ciência não pode explicar.
Ter fé, é
conseguir olhar para o amanhã com esperança, é conseguir projetar
um futuro positivo mesmo que seu passado seja negativo. A fé diante
do desespero e da desesperança é cega, pois pede-se salvação sem
nem ao menos saber o que se está pedindo. Por outro lado, uma pessoa
de princípios morais condizentes com os ensinamentos da sua religião
e coerentes com a sua prática, certamente saberá o que estará
pedindo. E não só pedirá, como também saberá agradecer
humildemente às pessoas importantes na sua vida e ao Deus que este
segue pelos ganhos e sucessos adquiridos no dia a dia. Este é o
verdadeiro homem de fé, digno do nosso respeito, da nossa compaixão
e da nossa amizade, pois nele está o exemplo de que um lindo dia
poderá nascer para nós amanhã. Aliás, essa fé existe dentro de
cada um de nós mesmo que não acreditemos em nada. A esperança não
possui o tempo de vida de uma mosca. Façamos o bem, nos apeguemos a
todos os santos e vamos unir forças, porque 2013 está vindo aí.
Saravá, Salve salve, Axé, Hare Krishna … Namastê !!!
Gostei muito.
ResponderExcluirDisse tudo, Mateus.
ResponderExcluirPoucas são as pessoas que conseguem dizer muito em pouco espaço. O Mateus é uma destas. Parabéns!
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