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quarta-feira, 1 de abril de 2009

Up the Irons


Ontem fui ao show do Iron Maiden no Jóquei Clube do Recife. Foi uma decisão imprevista, pois desde o início da divulgação eu achava o ingresso caro demais para a pouca renda que ando recebendo ultimamente. Estava terminando de postar o meu primeiro texto às 18h40minh do dia 31 de março (duas horas e vinte minutos antes de show) quando liguei para uma amiga para desejar um bom show e ela me disse que os ingressos não haviam aumentado; a meia-entrada ainda custava R$ 75,00. Decidi ir correndo ao local do show, e adivinhem só: não me arrependi por um só centavo investido. Foram duas horas de show, onde a banda tocou os sucessos dos anos 80 - canções de Heavy Metal que marcaram as histórias de muita gente. Curti com a mesma alegria e euforia de dez anos atrás, quando eu ainda era fã inveterado da banda. E o melhor de tudo foi ter reencontrado colegas com quem eu compartilhei o fascínio e a alienação do gênero.
É bastante interessante a maneira como os metaleiro (fãs do Heavy Metal) se envolvem com o gênero musical que cultuam. A relação musical é primaria. Dentro de um esquema Figura-fundo, posso dizer que a música é a figura, aquela que primeira mobiliza as motivações do grupo, enquanto que os outros elementos de um determinado contexto – como o bar em que eles possam estar, as bebidas, as paqueras – são apenas pano de fundo para a música que está tocando. Eu me lembro muito bem dos fins de semana no recife antigo nos arredores do que hoje é conhecido como o “bar do metal” na Rua do Apolo. As camisas pretas, o som do carro ligado no volume máximo, metaleiros ricos e metaleiros pobres, de várias classes sociais, todos reunidos em perfeita interação para curtir o metal. Poucas garotas no meio de muitos homens. Muitos levavam CD’s de bandas que nunca ouvi falar e faziam fila em volta dos carros à espera de uma oportunidade para mostrar o que conhece. É um verdadeiro ritual de louvação a um deus infinitamente subjetivo que é o Heavy Metal. Uma religião. Diferentemente de outros ambientes que tenho conhecido nos últimos anos, caracterizados pelo rótulo de universitário, onde a música – meio indie, meio samba – serve apenas de pano de fundo para as drogas, azarações e a loucura geral.
Também não deixar de retratar o encontro geracional que foi o show. Pessoas de diferentes gerações - familiares ou não, que incluíam avós, pais e filhos – estiveram presentes, todos cantando as canções clássicas num envolvente e desafinado coro. Não é pra menos, a final, banda já completa trinta anos de estrada. Tal período de tempo gera fantasiosas suspeitas, na cabeça dos mais pessimistas, de que essa foi a única e ultima oportunidade de ver a banda se apresentando ao vivo. Os integrantes estão na faixa dos cinqüenta anos e devem estar passando por um momento de profunda decadência criativa. Digo isso por dois motivos: primeiro porque lançaram um CD e uma turnê onde tocam apenas músicas do passado; segundo, porque vieram tocar no recife, cidade que vêm recebendo bandas em final de carreira ou atuante em seus anonimatos – muitos exemplos confirmam isso: Silverchair, The Calling, Deep Purple, Scorpions, Alanis Morissete, e muitos outros que vieram e ainda virão. Por essas e outras, posso dizer que o show de ontem foi histórico e vai ficar na memória de muitos fãs que investiram nele e puderam arrancar lá do fundo das suas cordas vocais o grito de guerra: “UP THE IRONS”!

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